VELA LATINA

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E QUEM VIRA À ESQUERDA?

Os “Velhos lobos do mar” estão cada vez melhores e arriscam-se a construir o melhor Blog nacional todos os dias. Há três fantásticas porções de prosa nos últimos dias que são verdadeiras obras de arte: “Conflitos”, “Fugir do Passado” e “Também está bem”. Mas a verdadeira razão deste mini-post é o texto de ontem no mesmo Mar Salgado (“O Vento e as Promessas”), onde, para além das dúvidas sobre Kerry, há uma referência similar à que aqui deixei a 8 de Março através de um artigo de Villas-Bôas Corrêa.



O DITO CUJO

A minha alma espanta-se com muita coisa, mas há ainda coisas que, para além do espanto de alma me provocam absoluta perplexidade. O Blogue Dito Cujo, desde logo espantoso pela sua impressionante colecção de barbaridades e que fiquei a conhecer pelo Estarreja Light do meu amigo Zé Matos, apresenta a seguinte pérola, datada de 16 de Março último, a todos os níveis digna de registo e que, não fosse verdade, pareceria anedota:
“SÁBADO À NOITE EM MADRID
(…) E assim, numa singela manifestação de algumas centenas de pessoas, Espanha teria acordado para, no dia seguinte, votar não tanto a favor do PSOE mas definitivamente contra o PP. Terá de facto sido isso? Essa foi a impressão que tive do meu sofá, cá longe e no meu maravilhoso e invejável conforto (invejável comparando com a confusão que reinava em Espanha).
Esse foi o ponto alto da noite.
O ponto baixo foi mesmo ao lado.
Ricardo Gonçalves, o repórter de serviço da SIC, fez um desbrilharete de todo o tamanho. Não é que o gajo teve a lata de pôr em causa os manifestantes, mandando bocas inteligentes como: "Como é que sabes / Que provas tens que o governo de Aznar está a ocultar a verdade?"; "Porque é que está aqui a fazer uma manifestação política? Não devias estar em casa a reflectir para votar amanhã nas eleições?"; "Qual é o teu partido?"; "Quem é que te convocou?"
Fiquei atónito. Esse pirralho devia era aprender a estar calado. Um repórter, e um repórter de rua ainda mais, tem de aprender o seu lugar. E o seu lugar é reportar e ser neutro, imparcial. Mas foi exactamente o contrário do que aconteceu.
Ricardo Gonçalves queria colocar os manifestantes em cheque, utilizou técnicas quase franquistas para reduzir a sua importância e não reconheceu que, independentemente do timing, também na Espanha existe liberdade para realizar uma manifestação. Melhor ainda: ao contrário do que se vê constantemente em Portugal, naquela manifestação não houve aproveitamento político dos políticos de esquerda - pelo menos aparentemente - por nem sequer estarem presentes.
A SIC que se cuide se quer ser imparcial. Ah... peraí... a SIC, imparcial? De facto essa não faz sentido... Mas nesse caso será que plantaram perguntas no Ricardo Gonçalves? Ou seja, terá sido manipulado pelos seus superiores hierárquicos?
E não valerá a pena uma investigaçãozinha?
Este email seguiu para atendimento@sic.pt. Ai que bom!”

A mente iluminada que escreveu este chorrilho de baboseiras, para além de não saber patavina do que foi o franquismo, teria ficado muito bem como controleiro na redacção de qualquer Pravda. O conceito de Liberdade destes senhores acaba exactamente no seu umbigo, ou no términus da lâmina da sua opção política (ser imparcial é não fazer perguntas difíceis, pelo menos a manifestantes de esquerda…). Esta gente nem sequer teve a seriedade de identificar o repórter (tratava-se de Ricardo Costa, que para quem não sabe é irmão do Líder de Bancada do Partido Socialista), editor de política da SIC e um dos mais sérios, competentes e determinados jornalistas da nossa praça. A sua imparcialidade (até pela questão familiar) tem sido exemplar.



INACREDITÁVEL



É inacreditável ver o dr. Mário Soares (o homem está senil) defender negociações com grupos terroristas, como é inacreditável ver o dr. Carlos Carvalhas desresponsabilizar a Al-Qaeda por um eventual atentado em Portugal preferindo culpar o Governo, como é inacreditável ver a esquerda caviar do Bloco tentando desculpar uma maldita corja de assassinos, para culpar Bush, Blair, Aznar e Barroso. É inacreditável ver como a Democracia e a Liberdade contam tão pouco para esta gente...



AZNAR



Não concordo que a vitória do PSOE nas eleições espanholas seja uma demonstração de medo do povo espanhol. Creio na democracia e acredito, por isso, que esta foi simplesmente a vontade esclarecida do eleitorado. Apesar disso e mesmo levando em conta a titubeante prestação do Governo Aznar tanto no caso “Prestige” como, agora, no “11 de Março”, não posso deixar de pensar no poder impressionante do voto e na intocável razão absoluta dos eleitores.
Aznar foi o melhor Presidente do Governo Espanhol de sempre. Os seus Governos fizeram de Espanha a oitava potência económica mundial, mantiveram-a, só a par da Irlanda, como uma economia crescente mesmo em tempo de recessão, acabaram com os défices orçamentais de González e fizeram da Espanha um dos maiores investidores mundiais no exterior. Ao contrário do que diz o “comment” do Pedro Vaz ao post de 15 de Março do Efervescente, Aznar foi mesmo a melhor coisa que aconteceu a Espanha nos últimos muitos anos (o Pedro Vaz é muito novo para se lembrar dos valores da taxa de desemprego no tempo de González…). Para além disso, quem viaja por Espanha percebe a dinâmica invejável de um país com as melhores auto-estradas gratuitas da Europa, com uma das mais eficientes redes de aeroportos locais, com as redes de alta velocidade, com a qualidade das telecomunicações (uma das maiores coberturas terrestres de fibra óptica do Mundo), com a impressionante pujança dos portos mercantis e pesqueiros, com a determinação dos agricultores e a qualidade das marcas agrícolas, com a coragem dos industriais desde a Galiza, ao País Basco, passando pela Catalunha (e, já agora, por esse Mundo fora…), com a crescente importância e excelência das Universidades, entre as quais algumas das melhores da Europa. Esta derrota é, porém, a prova de que não basta colocar um país nos píncaros das performances económicas e do desenvolvimento. Faltou a Aznar a destreza para reagir em tempo às pegadas de um petroleiro, como lhe terá faltado o discernimento para impedir a má gestão do “11 de Março”.
Zapatero anunciou já que retirará as tropas espanholas do Iraque em poucos meses e, com isso, deixou o primeiro recado a Bush e Blair (falta agora vê-lo cumprir…). Resta ver se, para além disso, arriscará acrescentar um novo ângulo ao eixo franco-alemão e qual será o papel que quer jogar na Europa. Para além disso, esta vitória do PSOE praticamente acabou com a Isquierda Unida, o que não deixa de ser um facto relevante.
Lembro-me do discurso da tomada de posse de Aznar, quando assumiu o desígnio de contribuir para fazer da Espanha a maior potência europeia. O seu contributo é perfeitamente visível e exemplar, apesar de dois erros impressionantes, o homem fez da Espanha uma grande potência.



BANDO DE ASSASSINOS



Dói o coração ao pensar nas mães mortas a caminho do trabalho, nas crianças que ficaram sem pai, ou sem irmão, nos pais que ficaram sem filhos. Dói o coração pensar que um bando de criminosos se julga no direito de assassinar inocentes numa luta contra a democracia. Tenha sido quem for (julgo razoável o raciocínio do Vladimiro Jorge), não passam de um bando de cobardes, gente sem coragem que se vende à estúpida pretensão de fazer história pela força da morte. A História dirá sempre que a ETA foi o pior episódio da epopeia milenar do povo Basco e dirá da Al-Qaeda que a prática dos seus membros contraria o Corão e os ensinamentos de Maomé.
Só faltavam, no meio desta horrenda história de sangue e luto, as inacreditáveis palavras proferidas no Parlamento português pelo Dr. Louçã, essa excrescência da mais reles esquerda populista, querendo abrir uma porta para a desculpa de tão monstruoso acto, lembrando exemplos de actos terroristas praticados por extremistas de direita. É inacreditável discutir a cor do terrorismo… então não basta ser terrorismo?



FANTÁSTICO



Quem é o maior? Opoooooooorto!



O BRASIL



O excelente poiso tropical “No Mínimo” tem um fantástico artigo de Villas-Bôas Corrêa sobre o insucesso de Lula e do PT que merece ser lido. São duas as razões fundamentais para se dispensar uns minutos de atenção àquela prosa: o vermelho da estrela de cinco pontas do PT está perder a cor; a linguagem dos brasileiros é fabulosa.


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